Para quem cozinha, o desafio é levar a matéria prima ao ponto cardeal onde ela melhor revele suas qualidades...
Atala & Dória 2009
Há um novo conceito sendo estudado e trabalhado nas ciências ligadas a alimentação, oriundos do desenvolvimento da gastronomia molecular e seus desdobramentos. Trata-se da nutrigenômica - definida como uma ciência que estuda genes específicos e componentes bioativos dos alimentos conjuntamente com suas possíveis interações (LAMPE, 2006). Ou seja, uma leitura dos alimentos com base em sua cromossômica. Cada ser vivo é composto de células, essas células têm núcleos. Os cromossomos estão dentro dos núcleos das células. E eles armazenam informações sobre os organismos em unidades chamadas genes. Ou seja, os cromossomos seriam um banco de dados onde são guardados os genes, informações genéticas que “caracterizariam” cada ser vivo. (MISTRO 2012)
O estudo dos alimentos nessa perspectiva visa enfatizar as potencialidades inerentes aos mesmos na perspectiva de seu consumo. Para a gastronomia a cromossômica ajuda a entender e posicionar os alimentos em menus com a finalidade de torna-los (os menus) uma experiência significativa e expandida, algo único e pessoal. Um alimento enfatizado em toda sua complexidade cromossômica é capaz de suscitar experiências, evocar memórias e fazer nascer às sensações.
O café é um desses alimentos/bebidas, ele é protagonista de momentos únicos. O café arábica contem 44 cromossomos o que o torna complexo e expansivo em seu potencial, seja aromático, gustativo, ou mesmo no âmbito de memória. Quando alguém toma um café arábica devidamente extraído, presencia um espetáculo de possibilidades, e sua memória é seu maior legado neste momento, ela o leva de lugares inóspitos a lugares nostálgicos, da razão a emoção, e vice versa. Enfim, o café é mais do que se pensa, mais do que se deseja, é o que se toma quando se aspira ir além do óbvio.
Dessa forma faça um café, coloque uma música (eu indicaria essa: https://www.youtube.com/watch?v=2olBE4C5_Gk) e divirta-se.